As cidades brasileiras a cada dia reafirmam que
são lugares "Onde os fracos não têm vez", pedestres,
cidadãos com mobilidade reduzida, ciclistas e todos os que assim como eu não
possuem um carro. Esta observação já caiu no senso comum e é repetido
exaustivamente tanto no meio acadêmico quanto fora dele, porém, este senso
comum ainda é virtual, na prática o vencedor da disputa urbana é muito claro.
A
injustiça está no fato de que os pedestres NÃO lutam para tomar o espaço que é
dos carros, legalmente temos o nosso espaço garantido, que seriam as calçadas. Seriam, se
todo tipo de
edificação existente não achasse que este já reduzido
espaço fosse estacionamento, extensão de sua loja ou uma pista de corrida com obstáculos.
A desvantagem torna-se ainda maior quando
percebemos que o pedestre está sozinho na batalha.
E a coisa se agrava quando somamos o fator
Status.
Infelizmente, ou felizmente eu não estava
com a câmera na mão, quando atravessando a Avenida Brasil, NA FAIXA, um sujeito
pilotando um Audi TT quis fazer uma graça comigo. Gentilmente e educadamente o aristocrata parou para que eu
atravessasse, e confiando na gentileza fui, e eis que o bacana acelera e
avança a faixa só para me dar um digamos, "sustinho", claro que foi engraçado, porque o
motorista riu, mas só ele riu. Não tenho explicação para isso, não sei se
passou pela cabeça do indivíduo a possibilidade de me atropelar.E se passou, o
que é pior.O que ele faria se isso acontecesse?
Esta situação me faz lembrar o desenho do Pateta
no trânsito. Fora das cápsulas de transporte as pessoas são na maioria gentis e
solidárias, ao fundirem-se com a máquina, como Dr. Jekyll and Mr. Hyde,
transformam-se em criaturas dispostas a tudo para garantir o seu direito ao
espaço.